CBTD 2025: O futuro do Treinamento e Desenvolvimento na era da inteligência artificial

Entre os dias 25 e 27 de junho, São Paulo sediou a 40ª edição do Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (CBTD), promovido pela Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD). O evento reuniu profissionais do setor para debater as tendências e os desafios do T&D no Brasil e no mundo.

Uma das palestras mais impactantes foi ministrada por César Carvalho, Diretor de Produto e Founder da RHGestor by Sólides.

Com o tema “Tendências que estão redesenhando o T&D: inteligência artificial, dados e o novo papel do RH no desenvolvimento de pessoas”, César Carvalho apresentou uma visão atualizada e prática sobre como as tecnologias emergentes — especialmente a inteligência artificial, aliada ao uso estratégico de dados — estão revolucionando a maneira como as organizações planejam, personalizam e executam o desenvolvimento de seus colaboradores.

O impacto crescente da inteligência artificial no Brasil e no mundo

Durante sua apresentação, César Carvalho destacou números que evidenciam o crescimento do uso da inteligência artificial entre os brasileiros.

Segundo dados do SemRush, em abril de 2025, o ChatGPT já ocupava a quinta posição entre os sites mais acessados no mundo, com mais de 5,2 bilhões de visitas.

Além disso, o Brasil figura como o terceiro país no ranking global de usuários do ChatGPT, com cerca de 285 milhões de dispositivos ativos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia.

Essa tendência é confirmada por uma pesquisa da Demandsage, de junho de 2025, que mostra uma escalada no número de usuários ativos do ChatGPT nos últimos dois anos:

Esses números reforçam a revolução que a inteligência artificial vem provocando no cotidiano das pessoas, o que abre novas possibilidades também para o universo do Treinamento e Desenvolvimento, ampliando as formas de criação e entrega de conteúdos de aprendizado.

Veo3 e o futuro lúdico e interativo do T&D

Além do ChatGPT, César também apresentou o Veo 3, uma ferramenta do Google que vem ganhando destaque nas redes sociais por sua capacidade de criar vídeos de forma rápida e criativa.

De maneira lúdica e interativa, ele compartilhou vídeos produzidos com o recurso, ilustrando como essa tecnologia pode revolucionar a criação de roteiros, gravações e cenários para treinamentos corporativos.

Com ferramentas como o ChatGPT e o Veo3, o processo de desenvolvimento de conteúdos de treinamento tende a ficar muito mais ágil e acessível, permitindo que equipes de T&D possam focar em estratégias mais personalizadas e eficazes, sem as tradicionais barreiras técnicas e de produção.

Essas tendências apontam para um futuro em que o desenvolvimento de pessoas será cada vez mais dinâmico, colaborativo e apoiado por tecnologias inteligentes, redefinindo o papel do RH como um facilitador estratégico para o crescimento dos colaboradores e da organização.

Tradução simultânea com IA: o fim das barreiras linguísticas no T&D

Outro destaque da palestra de César foi a previsão de que, em um futuro próximo, a tradução simultânea com o suporte de agentes de inteligência artificial será uma realidade.

Isso significa que as pessoas poderão conversar em tempo real, em diferentes idiomas, sem barreiras linguísticas, ampliando ainda mais o alcance e a eficácia dos treinamentos e da comunicação corporativa.

Essa tecnologia promete derrubar fronteiras, conectar equipes globais com facilidade e promovendo uma aprendizagem mais inclusiva e colaborativa.

Agentes de IA Conversacionais: interação natural e eficiente

César também destacou o avanço dos agentes de inteligência artificial conversacionais, que vêm evoluindo para oferecer interações cada vez mais naturais e eficientes.

Essas ferramentas têm o potencial de transformar o atendimento, o suporte e até mesmo os processos de aprendizagem, facilitando o acesso a informações e o engajamento dos colaboradores.

O protagonismo do RH na era dos dados e da inteligência artificial

Um ponto fundamental destacado por César Carvalho é que, por mais avançada que seja a inteligência artificial, ela não funciona sem dados de qualidade. Os algoritmos e agentes de IA dependem de informações precisas e bem estruturadas para entregar resultados relevantes e assertivos.

Nesse contexto, o profissional de RH assume um papel estratégico e protagonista. É ele quem deve garantir a coleta, organização e análise dos dados sobre os colaboradores, transformando-os em insights valiosos para orientar decisões de desenvolvimento, treinamentos personalizados e melhorias contínuas nos processos.

Ao atuar como facilitador entre a tecnologia e as pessoas, o RH potencializa o uso da inteligência artificial para criar experiências de aprendizado mais eficazes, alinhadas às necessidades reais da organização e dos colaboradores.

Como a inteligência artificial (e dados) podem apoiar o dia a dia do profissional de T&D

Durante sua palestra, César Carvalho também trouxe dicas práticas sobre o uso da inteligência artificial para transformar a rotina do profissional de T&D.

Análise das Emoções por Pesquisas de Pulso

Um exemplo que ele destacou foi a análise das emoções a partir das chamadas pesquisas de pulso — ferramentas que capturam percepções rápidas e constantes dos colaboradores.

Para realizar essa análise, a IA utiliza dados variados, como o alinhamento com a missão, visão e valores da empresa, o perfil dos colaboradores pesquisados, a segmentação por áreas ou times, além das respostas alternativas e abertas.

Com base nesses dados, a inteligência artificial gera insights importantes, como um resumo geral da pesquisa, nuvens de palavras que destacam os principais temas e sentimentos, identificação de colaboradores com maior risco de desligamento, pontos críticos a serem monitorados, ranking das perguntas mais bem e mal avaliadas, além de planos de ação personalizados e sugestões de trilhas de treinamento.

Essa abordagem permite que o profissional de T&D transforme informações em estratégias mais direcionadas.

Sugestão e estruturação de feedback ou PDI

Para apoiar a construção de feedbacks e planos de desenvolvimento individual (PDI), César destacou o papel da inteligência artificial em analisar dados essenciais como treinamentos realizados, feedbacks e PDIs anteriores, gaps de competências, ocorrências e avaliações de desempenho.

Com essas informações, a IA consegue identificar pontos fortes e de atenção de cada colaborador, analisar sua trajetória e sugerir caminhos para o desenvolvimento da carreira.

Além disso, a tecnologia recomenda leituras, treinamentos e define uma visão para o próximo ano, apontando as mudanças esperadas e sugerindo planos de ação personalizados, acompanhados de trilhas de treinamento alinhadas às necessidades específicas.

Essa aplicação da IA facilita a criação de PDIs mais assertivos e feedbacks construtivos, tornando o processo mais estratégico e focado no crescimento real dos colaboradores.

Mentoria de carreira para os colaboradores

Outra aplicação prática destacada por César foi o uso da inteligência artificial como mentora de carreira. Nesse modelo, o colaborador faz perguntas e recebe orientação personalizada com base em uma vasta base de dados que inclui feedbacks aplicados, PDIs realizados, dados pessoais, perfil comportamental, gaps de competências, treinamentos concluídos e as próprias perguntas feitas.

A IA analisa a trajetória profissional do colaborador, identifica seus pontos fortes e áreas de atenção, e oferece respostas direcionadas, além de sugestões para o crescimento profissional. Também indica dicas de leitura e trilhas de treinamento para apoiar o desenvolvimento contínuo.

Essa mentoria automatizada potencializa o aprendizado autônomo, aproximando o colaborador do desenvolvimento alinhado às necessidades reais, e tornando o RH um facilitador mais estratégico.

Como o RH pode liderar a revolução do desenvolvimento

O Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento 2025 trouxe insights valiosos sobre como a inteligência artificial e o uso estratégico de dados estão redesenhando o papel do RH e do T&D nas organizações.

As tecnologias apresentadas demonstram que o futuro do desenvolvimento de pessoas será cada vez mais dinâmico, personalizado e apoiado por dados.

Nesse cenário, o profissional de RH assume um papel fundamental, sendo o elo entre as tecnologias e as pessoas, garantindo que a inovação sirva para humanizar processos e potencializar o crescimento das equipes.

Investir na compreensão e na aplicação dessas ferramentas é o caminho para construir ambientes de trabalho mais engajados, produtivos e preparados para os desafios do futuro.

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